Vulto

Alguns minutos que fazem refletir sobre algumas horas e algumas vidas.


Sentada naquele boteco vazio meia - noite de uma sexta feira chuvosa no caos infernal de uma augusta lotada de pessoas perdidas que se divertem independente do tempo, ela faz amizade com o dono do bar. O simpático Claudio, ele que se tornou a companhia mais interessante da noite, que a viu sozinha olhando para a chuva perdida que caia naquela calçada imunda, sentou ao seu lado e falou : “é querida.. nem sempre a gente ganha!”

Seu mundo já desabava daquele céu e seus pensamentos escorriam dentro daquelas lágrimas ácidas que estavam ainda dentro dos seus olhos cerrados de ódio e de solidão!

Como poderia ser independente se não se libertava desse sentimento de posse sobre as coisas.. sofria por não te-las, e sofria ainda mais por não ter mais forças para conquista-las.. Só queria ir embora para casa!

Que vida fútil essa sua de rueira.. que noite suja que não quer te acolher, realmente nem sempre a gente ganha.. Sábio Claudio... ele que tinha noites de bebedeiras nas costas, que usava aquela camisa suja de gordura e que caiu do céu como se fosse um anjo vindo das gotas de chuva, só para colocar aquela pobre infeliz no seu merecido lugar.. Ela só queria ir embora para casa!

Ela foi embora e no meio do caminho daquele fim de noite um vulto ainda a assombrou rapidamente, como um raio, passou, calou e fechou aquela noite com um sentimento que passara de ódio.. e tornara-se pena... quase de si mesma.. mas Claudio não deixara .. então teve pena da vida.

Boa noite.